quarta-feira, 23 de julho de 2008

"Feared by the bad, loved by the good...Robin Hood, Robin Hood..."


A propósito da notícia do Público, só uma pergunta me ocorre:


Where are you, Robin Hood?

sexta-feira, 11 de julho de 2008

Robin Hood "Socrático"...


Olhando para a imagem acima (que me mandaram, curiosamente, ontem por mail), e para o debate, na AR, acerca do Estado da Nação, dou comigo a pensar que esta imagem representa, surpreendentemente, um bom e ilustrativo, obviamente cómico, resumo das medidas convocadas pelo Governo para resolver as várias crises que o país atravessa.

Sobretudo ilustra, e de forma bem clara, a concepção de distribuição de riqueza que paira sobre este Governo. Estiveram bem os partidos de esquerda na crítica certeira que formularam: este Governo, parece conviver bem com a cobrança de uma taxa às Petrolíferas de somente 25% dos lucros abusivamente conseguidos. Ora, se são abusivos, esse o fundamento da implementação da taxa, então porquê só 25%? De facto, e retornando à imagem, se dela retirarmos o "Secretária Wengé" e pusermos "Lucros Abusivos da Galp", depressa percebemos o embuste que representa a medida anunciada, com toda a pompa, pelo Governo, na Assembleia da República.

Que país queremos???

Leio a notícia do Público e ouço o noticiário das 12 horas, na TSF, escutando as recentes declarações do Secretário de Estado da Educação, o Dr. Valter Lemos. Diz ele, a propósito das notas dos exames do 9.º ano, na disciplina de Matemática, que não, que não podemos estar satisfeitos com uma percentagem de negativas na ordem dos 40%, que há ainda muito trabalho a fazer, embora, claro está, se trate de uma redução significativa no número de negativas e de chumbos na disciplina.

Diz a Sociedade Portuguesa de Matemática - e, a meu ver, muitíssimo bem - que, efectivamente, o Sr. Secretário de Estado tem toda a razão, tanto mais, quando o exame tinha o nível de dificuldade que todos sabemos.

Ora, aqui é que reside o fulcro da questão. Não pode o Dr. Valter Lemos vir com tiradas demagógicas e politiqueiras (contrastantes, aliás, mesmo se noutro sentido, com as da Sra. Ministra, que mostrou regozijo e satisfação com o trabalho produzido pelo seu Ministério e agora, dava jeito, pelos professores) acerca de um assunto, de tão grande relevância para o nosso futuro comum. O que me incomoda é que, sendo visível e notório para todos, que a prova era demasiado acessível e pouco exigente para alunos que vão entrar para o 10.º ano de escolaridade, se faça politiquice (mais ainda, quando a abordagem é a que conhecemos e a que tão ilustre figura nos habituou), se construam discursos retóricos e se procure escamotear a verdadeira preparação e conhecimentos destes alunos.

Pouco me importam, os dividendos políticos que o Sr. Secretário de Estado e o Ministério da Educação, pensam poder retirar destes resultados. O que, sinceramente e honestamente, me importa é que este país cresça em termos educativos e culturais, não necessariamente aferido por graus de escolaridade, e menos ainda, quando se adopta uma estratégia de facilitismo e porreirismo na avaliação dos conhecimentos e no aproveitamento escolar.

É que, Cara Ministra e Caros Secretários de Estado, há jovens neste país, que, mais do que quererem uma Escola que lhes dê emprego, querem uma Escola que lhes mostre o conhecimento, querem uma maiêutica Socrática (o da Grécia, o filósofo...) que lhes abra a porta dos livros, que os faça ser mais gente, que os faça ser cidadãos interventores... Há jovens que não querem apontamentos Europa-América (perdoe-se a publicidade), nem contas de Merceeiro (com o devido respeito pela matemática dos merceeiros)... Há jovens que não querem ter vinte em Literatura Portuguesa, não sabendo quantos Cantos têm os Lusíadas!

Cara Ministra, Caros Secretários de Estado, nem todos os jovens deste país se podem inscrever nas jotas, até porque há muitos que não querem...

quarta-feira, 9 de julho de 2008

"O País Vai de Carrinho"



Ao ler a notícia do Público e esta também, lembrei-me do Zeca... Sim! Porque há sempre uma canção do Zeca no subconsciente de todos nós, quer dizer, dos que têm consciente para ter um sub atrás... Fundamentalmente, há sempre uma palavra do Zeca, para afrontar e combater a pesporrência mais descabelada de um qualquer governante.
A(s) palavra(s) é esta (permito-me retirar algumas estrofes, porque não sei fazer aquela coisa bonita dos blogues, de, com um clique, fazer aparecer o texto escondido por trás desse clique... se alguém ajudar agradeço!...)):

"O País Vai de Carrinho

(José Afonso)


O país vai de carrinho
Vai de carrinho o país
Os falcões das avenidas
São os meninos nazis

(...)


Gosta de passeio em grupo
No mercedes que o papá
Trouxe da Europa connosco
Até à Europa de cá


Despreza a ralé inteira
Como qualquer plutocrata
Às vezes sai para a rua
De corrente e de matraca


Se o Adolfo pudesse
Ressuscitar em Abril
Dançava a dança macabra
Com os meninos nazis

(...)


Que a cruz gamada reclama
e novo o Grão-Capitão
Só os meninos nazis
Podem levar o pendão


Mas não se esqueçam do tacho
Que o papá vos garantiu
Ao fazer voto perpétuo
De ir prá puta que o pariu"




segunda-feira, 30 de junho de 2008

Terroristas há muitos...

Não entrando sequer na discussão, acerca dos conceitos de terrorismo e de terroristas, e em particular da concreta situação entre as FARC e o Governo Colombiano. Discussão demasiado complexa, para ser explicitada com uma meia-dúzia de boutades!...

Pergunto só, ao Sr. Vereador do PS, se acaso se lembra da posição que o seu partido tomou, na Assembleia da República, e há bem pouco tempo atrás, a propósito do voto de pesar para a eminente figura da Democracia Portuguesa e da (re)conquista das nossas liberdades colectivas: o ínclito Cónego Melo...

Então, terroristas são só alguns?... Caso para dizer, recordando Vasco Santana: Terroristas há muitos...

terça-feira, 17 de junho de 2008

Hoje... como ontem...




A propósito da notícia do Público, tenho que dizer: sou benfiquista, e concordo inteiramente com o que tem sido feito pelo meu clube:


1.º As posições que tem tomado têm sido coerentes e consequentes com tudo o que tem vindo a defender, no que concerne à moralização da vida desportiva (e não está em causa, saber se o Luís Filipe Vieira é impoluto ou não... o que está em causa é a instituição SLB e essa tem andado bem em todo este processo);


2.º O papel da FPF e até da Secretaria de Estado do Desporto é bem maior e bem mais relevante do que o de andar com a selecção de futebol, repito: futebol, ao colo de dois em dois anos (Europeu e Mundial) a proclamar o orgulho pátrio e o unanimismo da Nação - e anda bem a instituição Benfica em denunciá-lo;


3.º Se o clube podia ir à Liga dos Campeões, e não o faz, por culpa exclusiva da FPF, pois muito bem: concordo que se defendam os legítimos direitos e interesses da instituição e se processem judicialmente os culpados;



É que não é preciso tirar um curso de Direito, para se perceber que a decisão produzida na ordem jurídica interna, no âmbito do processo apito dourado, transitou em julgado no que respeita à FCP, SAD., porque, mais do que não ter havido recurso, houve renúncia expressa, pelo punho da própria SAD, ao seu exercício (e não se venha com a história da carochinha, relativamente ao aproveitamento do recurso do Sr. Pinto da Costa à SAD... são questões totalmente diferentes, e qualquer jurista o deve saber) . Logo, é deveras estranho, ouvir um responsável pelo Departamento Jurídico da FPF, dizer que não tem a certeza, que não é bem assim, enfim, talvez, mas olhe que não... Tudo isto é absolutamente surreal, e faz parte com certeza, de uma qualquer realidade paralela, em que aliás, os organismos desportivos e os que os tutelam são tão profícuos e férteis...

Cassete... ou talvez não?!...

Lê-se no DN, de hoje, num determinado artigo de opinião:

"(...) Há soluções para as crises que aí estão? Evidentemente que há. É preciso mudar de paradigma, quanto mais rapidamente melhor. O neoliberalismo e o capitalismo de casino estão esgotados. As grandes concentrações de capital, a falta de ética nos negócios, os vencimentos milionários dos administradores dos bancos e das grandes multinacionais e a exploração infame dos outros trabalhadores estão a destruir o capitalismo que conhecemos no passado e que tanto se degradou nas duas últimas décadas. (...)".

Estas palavras são de Mário Soares, e obviamente, a primeira coisa que me ocorreu foi:

Então, mas afinal, isto não era o discurso da cassete!... Dou por mim a pensar, que talvez as cassetes sejam como os porcos de Orwell: umas mais iguais que outras...

quarta-feira, 4 de junho de 2008

quinta-feira, 29 de maio de 2008

"Felizmente Há Luar!"




Com o devido respeito, mais importante do que encontrar Manuel Alegre em diálogo com o BE, é encontrar variadíssimas personalidades da esquerda (ex. a escritora Ana Luísa Amaral, o professor universitário António Nóvoa, Elísio Estanque e José Manuel Pureza, o ex-dirigente do PCP Carlos Brito, o arqueólogo Cláudio Torres, a responsável da Cuidar o Futuro Fátima Grácio, o líder do BE, Francisco Louçã, o fundador do PS José Neves, o editor Nélson Matos, o músico Francisco Fanhais e o sindicalista Ulisses Garrido), revelando e manifestando, que há mais esquerda para além do défice, que essa esquerda tem propostas, que essas propostas são válidas, são responsáveis, são exequíveis. É preciso acreditar! É preciso mudar! Esta política, este modelo de desenvolvimento económico, social e laboral não é uma inevitabilidade. E, com a devida vénia a Luís de Sttau Monteiro: "Felizmente Há Luar!"

terça-feira, 27 de maio de 2008

Pois é... mas...

Belo artigo o de Mário Soares no DN. Permito-me transcrever um excerto:

"Em Portugal, permito-me sugerir ao PS - e aos seus responsáveis - que têm de fazer uma reflexão profunda sobre as questões que hoje nos afligem mais: a pobreza; as desigualdades sociais; o descontentamento das classes médias; e as questões prioritárias, com elas relacionadas, como: a saúde, a educação, o desemprego, a previdência social, o trabalho. Essas são questões verdadeiramente prioritárias, sobre as quais importa actuar com políticas eficazes, urgentes e bem compreensíveis para as populações. Ainda durante este ano crítico de 2008 e no seguinte, se não quiserem pôr em causa tudo o que fizeram, e bem, indiscutivelmente, para reduzir o deficit das contas públicas e tentar modernizar a sociedade. Urge, igualmente, fortalecer o Estado, para os tempos que aí vêm, e não entregar a riqueza aos privados. Não serão, seguramente, eles que irão lutar, seriamente, contra a pobreza e reduzir drasticamente as desigualdades.

Já uma vez, nestes últimos anos, escrevi e agora repito: "Quem vos avisa vosso amigo é." Há que avançar rapidamente - e com acerto - na resolução destas questões essenciais, que tanto afectam a maioria dos portugueses. Se o não fizerem, o PCP e o Bloco de Esquerda - e os seus lideres - continuarão a subir nas sondagens. Inevitavelmente. É o voto de protesto, que tanta falta fará ao PS em tempo de eleições. E mais sintomático ainda: no debate televisivo da SIC que fizeram os quatro candidatos a Presidentes do PPD/PSD, pelo menos dois deles só falaram nas desigualdades sociais e na pobreza, que importa combater eficazmente. Poderá isso relevar - dirão alguns - da pura demagogia. Mas é significativo. Do que sentem os portugueses. Não lhes parece?..."


Mas, Sr. Dr. Mário Soares, só duas pequenas questões:

1.ª -
E se a sugestão de reflexão que propõe, cair, como parece provável - pela amostra junta - em saco roto?

2.ª -
Face à ascensão nas sondagens (e não só...) dos partidos PCP e BE, onde deverá o PS construir a ponte: à sua esquerda? Ou reeditando (estará recordado, por certo...) o célebre bloco central?


Dir-me-à o Sr. Dr. (sempre Presidente), com a elegância, inteligência e eloquência que lhe são merecidamente reconhecidas, um: "Olhe que não!... Olhe que não!..." ?...

quarta-feira, 21 de maio de 2008

"O Triunfo dos Porcos"


Mesmo sob o desígnio do Triunfo dos Porcos,

Lá vamos ter... e apesar de tudo, ainda bem... a nossa FEIRA DO LIVRO.

Abre as suas portas, segundo o Público on-line, sábado às 15h00, encerrando no dia 15 de Junho...

Oh Happy Day ! ! !




Esta é, obviamente, uma excelente notícia para os EUA, mas sobretudo para o mundo.


Algo de novo está a despertar as consciências...

Algo de novo se aproxima no horizonte...

A maré alta está a passar por aí...


E, 40 anos depois de um Maio, um outro Maio vem confirmar, esperemos que definitivamente, a esperança e a audácia... Oxalá, a festa não se estrague em Novembro... Curiosamente, em Novembro...

sexta-feira, 16 de maio de 2008

Livros e Sabonetes

"Se a Leya não for à Feira do Livro de Lisboa vai ter muitos problemas comigo."

"Tornou-se um marco importante na vida das pessoas."

"É a única altura em que vejo a cara das pessoas que me lêem."



António Lobo Antunes in Público









"Recuso-me a ser encarado como uma marca e que os meus livros sejam vistos como sabonetes."


Mário de Carvalho in Público





Mas, para Pais do Amaral não haverá, por certo, grande diferença entre vender livros e vender sabonetes... Que interessa a cara das pessoas?! O mercado não tem cores, cheiros ou afectos! Contudo, não esqueça Pais do Amaral um aspecto: nos livros há essa coisa chata de terem que ser escritos, ainda por cima, às vezes, por tipos esquisitos que gostam de pensar...

quinta-feira, 15 de maio de 2008

Entendam-se!...


A CML que resolva a trapalhada em que se meteu, porque os lisboetas têm direito à sua FEIRA.

Demasiado bonito, para ficar sem livros...

Liberais, sim... mas pouco !!!

Diz Pedro Passos Coelho, na notícia do Público:

“Ninguém deve ser discriminado ou limitado nos seus direitos em função da sua opção sexual. Não é importante a designação que damos ao instituto desde que possamos garantir esses direitos.”.

Este tipo de discurso e de ideias, pretensamente vanguardista (vamos ser liberais!...), mas na realidade profundamente conservador é deveras perigoso. Parecemos vislumbrar a avózinha, quando na realidade o que lá está é o lobo mau...

É que parecendo que se está a abrir a porta à consagração de direitos fundamentais, pela eliminação de discriminações fundadas na orientação sexual, o que se está realmente, e sob reserva mental, a tentar impingir é a existência de dois contratos civis (de afectos): um para os ditos normais, os heterossexuais (a sacrossanta instituição casamento); e outro para os outros, os homossexuais.

Ora, um normativo legal deste género, redundaria numa mesma discriminação em virtude da orientação sexual, mas agora sob uma capa de pretensa compreensão e respeito pela diferença.

Por que carga d'água é que o contrato casamento previsto no Código Civil tem que ser entre pessoas de sexo diferente?

Já agora, e aproveitando o ensejo, os que agora vêm propor e os que concordam com esta ideia falsamente modernista, são porventura os mesmos que lançaram o anátema, a propósito das recentes alterações à lei do casamento e ao Código do Trabalho, de que em Portugal é mais fácil a alguém divorciar-se do que a um patrão despedir o trabalhador... No emprego manda a flexibilidade, na família manda o conservadorismo, mesmo se com estas tiradas primaveris...

sexta-feira, 9 de maio de 2008

Expliquem lá outra vez, como se eu fosse muito burro !!!

Era uma vez... uma Justiça Penal que pune o crime de corrupção (art. 374.º do Código Penal) com uma pena de prisão até 5 anos; e o crime de coacção (art. 347.º do Código Penal) com uma pena de prisão até 5 anos. Certo!... Certo.

Era uma vez... uma Justiça Desportiva que pune o crime de corrupção com a perda de seis pontos (+ € 150 000,00 euros de multa) para o clube infractor e suspensão de dois anos para o corruptor (+ € 10 000,00 euros de multa); e pune o crime de coacção com descida de divisão para o clube infractor (+ € 180 000,00 euros de multa) e suspensão de quatro anos para o coagente (+ € 25 000,00 euros de multa). Certo!... Certo.

Então, agora digam lá que isto não é uma bela história!... Era uma vez...

(ler edição online do Público)

Israel... 60 anos depois...


60 anos depois da fundação do Estado de Israel, vem-nos à memória uma frase batida:

PALESTINA

Basta-me permanecer em seu regaço

Basta-me morrer em meu país
aí ser enterrada
dissolver-me e aí reduzir-me a nada
ressuscitar erva em sua terra
ressuscitar flor
que uma criança crescida em meu país arrancará
basta-me estar no regaço de minha pátria
estar perto dela como um punhado de poesia
um raminho de grama
uma flor

Fadwa Tugan (Nablus, Palestina, 1917-2004)

AHHHHHH !!! Acordo tácito !!!

"Filipe Soares Franco, explicou que o clube lisboeta tem um "acordo tácito" com os futebolistas para pagar entre os dias 5 e 10 de cada mês, apesar de o contrato colectivo de trabalho celebrado entre a Liga e o sindicato fixar o dia 5 como data limite, o que motivou a denúncia de Joaquim Evangelista." (In Público).

Acordo tácito!... Pois claro!... E também há o Gato das Botas, o Peter Pan e o miúdo que vai com o avô e o palhaço ao circo...

quinta-feira, 8 de maio de 2008

O debate é necessário e urgente...



Transcrevo abaixo, como mais um contributo para a reflexão acerca da recente crise/carestia de cereais no mundo, o excelente artigo, pedagógico até, de Ignacio Ramonet no Le Monde Diplomatique:
"Motins da fome

06-Mai-2008
Ignacio Ramonet - Le Monde Diplomatique

Já são mais de 37 os países em que a insegurança alimentar provocou protestos. Os primeiros tiveram lugar no México o ano passado pelo aumento exagerado do preço do milho. Também em Myanmar (antiga Birmânia) a insurrecção dos monges, em setembro de 2007, começou por manifestações de descontentamento contra a carestia dos alimentos. Nas últimas semanas temos assistido a tumultos em diversas cidades do Egipto, Marrocos, Haiti, Filipinas, Indonésia, Paquistão, Bangladesh, Malásia e sobre toda a África Ocidental (Senegal, Costa do Marfim, Camarões e Burkina Faso).
São rebeliões dos mais pobres e limitadas ao âmbito urbano. O campesinato, por agora, não se amotinou, e as classes médias não se juntaram aos protestos. Mas o farão se os preços da comida continuam a aumentar. E estes vão subir pois o parodoxal desta situação é que nunca a produção agrícola foi tão abundante. Ou seja, a carestia actual não se deve à penúria mas a outros factores. Haverá pois novos motins pela fome e durante um largo período. Os quais se traduzirão em novas ondas de emigração. Pois a comida representa já 75% dos rendimentos das famílias dos países pobres, contra 15% dos países ricos.
Para prevenir os próximos protestos alguns governos multiplicaram as medidas: o Casaquistão suspendeu todas as suas exportações de trigo, a Indonésia decidiu limitar as de arroz, as Filipinas declararam guerra aos especuladores e a Argentina, Vietname e Rússia restringiram as suas vendas de trigo, arroz e soja ao exterior.
As os preços continuam altos. Desde março de 2007 o valor dos produtos lácteos subiu uns 80%, o da soja uns 87% e do trigo uns 130%. O Banco Mundial, que não está isento de responsabilidade, afirma que estes aumentos empurraram para o abismo da miséria mais de 100 milhões de habitantes dos países pobres. E o Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola estima que por cada aumentos de 1% do custo dos alimentos de base, 16 milhões de pessoas se vêm submersas na insegurança alimentar. O que significa que 1.200 milhões de seres humanos poderão padecer de fome crónica de hoje a 2025.
Porque aumentam os preços da comida? Essencialmente por 4 razões. Primeiro porque a elevação do nível de vida de países como a China, Índia e Brasil modificaram os hábitos alimentares. Consome-se mais carne, logo há que criar mais gado. O qual consome uma parte importante das colheitas de cereais. As novas classes médias comem mais vezes por semana carne de galinha e vaca, e estes animais alimentam-se à base de soja e milho. Como a população mundial vai continuar a crescer e o poder aquisitivo de muitas pessoas vai continuar a crescer, irá produzir-se uma alteração estrutural. O ecologista Lester Brown anuncia "quandos os chineses comerem tanta carne como os norte-americanos, absorverão 50% dos cereais do mundo" (1).
Segundo porque uma parte da produção alimentar (cana de açúcar, girassol, colza, trigo) destina-se agora à produção de agrocombustíveis. As terras e os cultivos que se dedicam a essa actividade já não dão alimentos aos seres humanos. E isto também se vai agravar. A União Europeia decidiu que 10% do total de combustíveis consumidos até 2020 deve ser agrocombustíveis. E o presidente dos EUA, George W. Bush, pede que sejam 15% até 2017. A tal ponto que países com déficit alimentar como o Senegal ou Indonésia resolveram produzir agrocombustíveis em vez de alimentos. Responsável por parte desta situação, o Fundo Monetário Internacional, afirma que entre a 20 a 50% da colheitas mundiais de milho e colza já estão a ser desviadas para elaborar agrocombustíveis.
Terceiro porque o estalo dos preços do petróleo - acima dos 115 dólares o barril - encarece o custo dos transportes, em particular da circulação dos produtos agrícolas e, assim, do valor dos alimentos.
Quarto por efeito da especulação financeira. Fugindo da crise dos subprime, os fundos de investimento apostam agora nos produtos alimentares: soja, trigo, arroz, milho. São valores refúgio. Os fundos compram e armazenam apostando pela alta dos preços. Como sempre, os novos especuladores não dúvidam que vão enriquecer com a fome que eles mesmos ajudam a criar. Estima-se que a especulação está a causar 10% da subida dos alimentos.
Os países ricos comprometem-se há tempo a consagrar 0,7% do seu PIB ao apoio aos países pobres. Muito poucos cumpriram essa promessa. No seu conjunto, a ajuda no ano passado diminuiu uns 8,4%. E a assistência à agricultura dos Estados do Sul baixou, nos últimos 20 anos, uns 50%! Como estranhar a proliferação dos motins? Porque se espera para criar, finalmente, um grande Fundo Mundial contra a Fome? "

Notas:(1) Capital , Paris, março 2006."


Também estimulantes as reflexões de José Manuel Pureza publicadas pelo Público, na sua edição online. Deixo aqui um aperitivo:

“Uma leitura estritamente técnica esconde as razões de natureza política profunda. O que está a acontecer é o impacto no sector agrícola e alimentar daquilo que é a realidade ‘normal’ do capitalismo financeiro”

“Esta é a factura que os países mais pobres estão a pagar pelas políticas que o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial lhes impuseram, que passou por desmantelar a pequena e média agricultura de subsistência”


Na realidade, o presente debate é relevante de uma perspectiva puramente económica e social, mas é sobretudo relevante, e isso é bem notado por José Manuel Pureza, de uma perspectiva política. De facto, as alterações estruturais a que a presente carestia de cereiais pode levar, e não só nos países sub-desenvolvidos, é de tal monta, que podem ser expectáveis mudanças de paradigma, dificilmente pacíficas, quer ao nível das políticas de desenvolvimento económico, quer ao nível dos equilíbrios regionais e demográficos, quer ainda ao nível de um futuro espaço de partilha e comércio entre as nações do mundo. A história muito recente do espaço Ibero-Americano é, a este respeito, deveras elucidativa.

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Vamos discutir o essencial ! . . .

O Bom e o Mau Juiz (Fresco do Tribunal de Monsaraz)

Mais do que discutir se a reacção dos Srs. Juízes é ou não corporativa (e há bons motivos para pensar que não: os juízes são representantes de um órgão de soberania, respondem somente perante a lei e em nome do povo, e isto faz toda a diferença em relação a um funcionário de carreira) é sobretudo importante questionar este Governo e esta maioria parlamentar, em relação ao estado actual da nossa justiça:

- Temos uma PJ, o principal corpo de investigação criminal do país, com carência de efectivos;
- Temos taxas de corrupção, das mais altas da Europa;
- Temos Tribunais do Trabalho onde um sinistrado (acidente de trabalho) não pode entrar;
- Temos Tribunais onde quem não anda à chuva se molha, onde não há casa-de-banho, cujas paredes sofrem risco de ruína;
- Temos Tribunais atafulhados em processos, com níveis de pendência assustadores;
- Temos, enfim, Tribunais que não podem condignamente ostentar esse nome.

Assim,
E depois de este Governo - já lá vão três anos - ter diabolizado juízes, funcionários e advogados: os dois primeiros porque não trabalham e só querem férias; os terceiros porque só servem para pôr recursos, a justiça continua na mesma...
Temos uma justiça que funciona mal e que funciona tarde. Temos juízes e funcionários desmotivados e assoberbados em trabalho. Temos advogados desencantados. Temos cidadãos descrentes na sua justiça. Os discursos e ideias contra os servidores da justiça não levou, como é óbvio, a bom porto, nem resolveu problema nenhum... o mal não é esse!!!
Não nos esqueçamos pois do aviso de Aristóteles de que a justiça é a base da sociedade. Os pilares do contrato social assentam fundamente na ideia de justiça. É ela a guardiã da paz e harmonia sociais. É ela em última instância que protege a democracia... e que protege ABRIL!!!
Saberá Sócrates do que falava Aristóteles ?!...

segunda-feira, 5 de maio de 2008

Imagens e cores do fim-de-semana que passou...

Mértola I

Mértola II


Mértola III

quarta-feira, 30 de abril de 2008

A moção de censura


Informa o Jornal Público, que o grupo parlamentar do PCP vai apresentar uma moção de censura na AR, onde condena o Governo PS e a sua política. Conforme diz no seu sítio electrónico, esta moção de censura constitui:
- Uma firme condenação de uma política contrária aos interesses dos trabalhadores e do povo.
- Um acto que dá expressão à vasta frente de luta, protesto e descontentamento que percorre o país.
- Uma exigência de ruptura com a política de direita do governo do PS.
As perguntas e as objecções ao novo Código do Trabalho foram/são certeiramente colocadas pelo PCP:
1.º Despedimento por inadaptação, com alargamento da figura às situações de "alterações na estrutura funcional do posto de trabalho";
2.º Desregulamentação, ou melhor dizendo, descaracterização do modelo de horário de trabalho tradicional, cedendo lugar à moderna figura do regime de adaptabilidade, que a Direita consagrou;
3.º Desvalorização, ou o esvaziamento completo do importante princípio do tratamento mais favorável ao trabalhador (favor laboratoris) - que devia ser bandeira de qualquer esquerda moderna;
4.º Despreocupação patente com a premente revitalização da contratação colectiva e da actividade sindical;
De facto, o agendamento deste debate na AR, por parte do PCP, revelou-se oportuno. As objecções que levanta são sérias e pertinentes. Pelo que, a apresentação da moção de censura é plenamente justificada.
Efectivamente, as medidas preconizadas pelo Governo do Partido Socialista, para a revisão do CT, revelam-se gravemente lesivas dos direitos dos trabalhadores, especialmente quando são ilustrativas de um total alheamento pela dignificação do trabalho e pelo reforço dos direitos, individuais e colectivos, dos trabalhadores.
Não se percebe, como um Partido, que se diz Socialista, pode prosseguir num rumo de precarização contínua do valor trabalho. É sintomático desta visão, a liquidação, na prática, do supra citado princípio do favor laboratoris. Quando o mesmo devia ser erigido em modelo e paradigma de uma moderna relação de trabalho e de um moderno entendimento do Direito do Trabalho, é ao invés, esvaziado e desprovido de qualquer utilidade. O mesmo se diga, aliás, da total ausência - manifestada pelo Governo - de medidas tendentes à revitalização da contratação colectiva.
Se o PS, com estas medidas, se intitula de esquerda, então nem quero saber o que faria um Governo de direita!...
Aguardemos para ver como se comporta a ala esquerda do Partido Socialista!...
Por enquanto, só podemos aplaudir a iniciativa do PCP, que se comportou como verdadeiro e profícuo grupo parlamentar de oposição ao Governo. Agora, na votação, cada qual assuma as suas responsabilidades...

O preço do combustível

O Público noticia novo aumento dos combustíveis:

Preço da gasolina sem chumbo em Madrid (Posto da Galp):
Gasolina 95 sin plomo
€ 1,154 euros

Preço da gasolina sem chumbo em Lisboa (Posto da Galp)
Gasolina 95 sem chumbo
€ 1,451 euros

Evolução do salário mínimo em Espanha:
(http://www.mtas.es/infpuntual/smi/evolucion.htm)

2002 - € 442,20 euros
2003 - € 451,20 euros
2004 - € 460,50 euros
2005 - € 513 euros
2006 - €540,90 euros
2007 - € 570,60 euros
2008 - € 600 euros

Evolução do salário mínimo em Portugal:
(http://www.dgert.mtss.gov.pt/Trabalho/rendimentos/evolucao_smn.htm)

2002 - € 348,01 euros
2003 - € 356,60 euros
2004 - € 365,60 euros
2005 - € 374,70 euros
2006 - € 385,90 euros
2007 - € 403 euros
2008 - € 426 euros

Pois é... ocorre-me a música de Gabriel O Pensador:

"Até quando você vai levando porrada, porrada?
Até quando vai ficar sem fazer nada?
Até quando você vai levando porrada, porrada?
Até quando vai ser saco de pancada?"



segunda-feira, 28 de abril de 2008

O New Deal de Roosevelt e o Neoliberalismo...

Vale a pena ler, no blogue: Ladrões de Bicicletas, o artigo publicado por João Rodrigues, sobre os números comparativos, no plano económico-social, do intervencionismo estatal e do neoliberalismo de Reagan e Tatcher.

sexta-feira, 25 de abril de 2008

No dia de Hoje...

No dia de hoje, como filho de Abril, herdeiro da "madrugada esperada", na liberdade que todos os dias se conquista e se merece, uma palavra de agradecimento para os homens que, maiores que o tempo, tornaram possível a Revolução. Para esses, um cravo. Para todos, a Utopia de José Afonso, que viveu sempre do lado de Abril, com a pureza e a honestidade dos que "por obras valorosas, se vão da lei da morte libertando.".
Obrigado.


quinta-feira, 24 de abril de 2008

Queixa das almas jovens censuradas

Poema de Natália Correia, Música de José Mário Branco

quarta-feira, 23 de abril de 2008

Bush planta uma árvore


A propósito da imagem, do jornal Público, ocorre-me o verso e título de poema de António Ramos Rosa:
"Cada árvore é um ser para ser em nós."
E um consolo:
Bush terá filhos, provavelmente.
Terá plantado uma árvore, é certo.
Nunca será capaz de escrever um livro.

terça-feira, 22 de abril de 2008

A ou À Esquerda do PS




Várias figuras do PS assinaram um documento emitido pela Associação 25 de Abril, que apela à participação no desfile do 25 de Abril e faz uma análise crítica à situação do país.O "Apelo à Participação", divulgado ontem pela Associação 25 de Abril, conta com a assinatura de diversas figuras do PS, entre os quais Mário Soares, Manuel Alegre, Ferro Rodrigues, Almeida Santos ou Maria de Belém Roseira. Ao longo do documento pode ler-se que "as incertezas de uma conjuntura económica, afectada pela eclosão e desenvolvimento de várias ordens de crises e, no plano interno, pela permanência dos problemas estruturais de que o país continua a padecer, fazem com que as comemorações do 25 de Abril de 2008 se processem num clima pouco desanuviado e escassamente propício à jubilação colectiva". "Numa altura em que os diversos índices sociais e económicos continuam a remeter-nos para os últimos escalões da Europa Comunitária, não poderá haver lugar para o enfraquecimento dos serviços que cabe ao Estado assegurar", refere ainda o manifesto emitido pela Associação 25 de Abril. Vasco Lourenço, presidente da associação, disse hoje à Lusa que o documento "não é, de maneira nenhuma", uma crítica ao Governo de Sócrates e que "cada um lê o que quiser". "Não há crítica, nem se pretende que haja. O documento é uma análise não conjuntural, além disso, o PS faz parte da Comissão Promotora, essa especulação não faz qualquer sentido", concluiu Vasco Lourenço. O desfile, entre a Praça do Marquês de Pombal e a Praça do Rossio, tem início às 15h00 de sexta-feira.


É este o debate necessário:


Quais devem ser as funcões do Estado e o papel do Estado?


Que ideia de Estado queremos? O "Contrato Social" morreu?


Que Europa queremos? Que Modelo Social Europeu?


O PS acredita no Socialismo? Que rumo para o Partido Socialista?


Que rumo e espaço para a(s) esquerda(s) portuguesa(s)?


Era tão bom que Abril abrisse as portas do debate urgente... Sócrates entrará na discussão?...


Impressões do Prós & Contras e PSD

Do momento actual do PSD, do que ontem retive do debate do Prós & Contras e das notícias de hoje do Jornal Público, ficam algumas ideias:
- Em Ângelo Correia, vislumbramos a verdadeira essência da elite laranja;
- Em Zita Seabra, quasi promovida a figura histórica do PSD, percebemos o que sobre ela disse uma vez Álvaro Cunhal, numa entrevista televisiva. É escusado reproduzir. Eu sei e muitos dos que lerão este post, também o saberão;
- Em Patinha Antão, denota-se sensatez em centrar o PSD como Partido da Social-Democracia, mas, ao querer conciliar essa atitude com a face mais direitista e neo-liberal e/ou Cavaquista do partido esbarra numa impossibilidade ideológica e filosófica. Tanto assim, que não entende o debate sugerido por Pacheco Pereira, acerca do símbolo partidário, do seu significado e da indissociabilidade entre este e o universo histórico e ideológico-partidário, espaço de construção de futuro;
- Em Passos Coelho, revela-se, na minha opinião, o discurso mais estimulante do PSD. E mais estimulante, porque é o único que enfrenta o espelho da história e pretende encontrar respostas para o futuro. É um discurso jovem, de cariz liberal, sem ser liberalizante, que escapa - ao que me foi dado parecer - a uma matriz Tatcheriana, e que por isso me parece mais capaz de clarificar o espectro político-partidário do futuro;
Todavia, sendo certa a candidatura de Manuela Ferreira Leite, parece-me que o debate ideológico e programático do PSD vai ficar reduzido a uma discussão acerca do candidato melhor posicionado para ganhar o poder.
Volto a referir agora, o que referi já num post antigo: o debate à esquerda do PS, dentro do PS; e o debate à direita do PSD, dentro do PSD é, no futuro imediato da política portuguesa, o mais necessário, profícuo e clarificador.

sábado, 19 de abril de 2008

sexta-feira, 18 de abril de 2008

Fernando Alves na TSF


As crónicas de Fernando Alves na TSF, durante a semana que passou, acerca da visita do repórter à República de Cuba, são - como sempre, aliás - uma pérola de jornalismo radiofónico... imperdível!!!


P.S. Hoje, pelas 17 horas (repete Domingo às 10:00) oiçamos reportagem de maior fôlego intitulada: Mojitos, Câmbios e Proibições Obsoletas.

Crónica de uma morte anunciada...


A queda de Menezes é obviamente a crónica de uma morte anunciada!... Quo vadis PSD?...


Com Menezes, terá o PSD batido no fundo? E se bateu, tê-lo-á percebido? E se percebeu, terá vontade e pessoas para o mudar?... O que separa Manuela Ferreira Leite e Pedro Passos Coelho?


O debate à esquerda do PS, dentro do PS; e o debate à direita do PSD, dentro do PSD, são, porventura, agregados, o momento de maior encruzilhada e indefinição da política portuguesa contemporânea.


Aguardem-se, pois, as cenas dos próximos capítulos!


quinta-feira, 17 de abril de 2008

Três conclusões e mais uma futura ex-Ministra!...




A propósito das recentes evoluções no Ministério da 5 de Outubro, três seguras conclusões se retiram:


1.º Foi preciso levar 100.000 professores para a rua, para a Sra. Ministra compreender a importância e significado de palavras como diálogo e negociação (colectiva);


2.º A Ministra e a sua equipa, que para ganhar o país, não se importava de perder os professores, sai, e isso é indesmentível, fragilizada politicamente deste episódio;


3.º Os Sindicatos, especialmente a Fenprof, saem, pelo contrário, obviamente dignificados e reforçados na sua influência. E só por manifesta má-fé se pode agora vir entender a atitude dos Sindicatos como de cedência... São, com certeza, os mesmos que antes os acusaram de ser politicamente instruídos e irresponsáveis.

A rivalidade que nos reconcilia...




No entanto,


São jogos como os de ontem que nos reconciliam com a magia do futebol. Que nos faz amar o jogo... e sobretudo, nos faz amar/odiar esta sede de rivalidade que consome e alimenta os que, de pequenos, com chama imensa, escolheram o vermelho, e os que escolheram o verde... dois lados, por sinal, de uma mesma bandeira!...


À Noite, na RTP Memória, passava um Benfica-Sporting de 1986: de um lado Manuel Bento, do outro, Vítor Damas... Ambos, decerto, lá no assento etéreo, onde subiram, vibravam e aplaudiam a magia da rivalidade que nos reconcilia com a vida.


P.S. Foi bonito ver Di Maria a fazer poesia com os pés...

segunda-feira, 14 de abril de 2008

Vital Moreira no Causa-Nossa


Diz o Prof. Vital Moreira no seu Blog Causa-Nossa:


Os professores críticos do acordo sindical com o Ministério têm razão quando dizem que ele "valida" todas as reformas contestadas, desde o estatuto da carreira docente ao novo sistema de gestão escolar, desde o concurso para titular até à avaliação de desempenho. Mas esquecem-se de que entre a derrota sem nenhuma contrapartida -- que era a perspectiva realista, dada a intransigência ministerial naqueles pontos -- e a sua aceitação a troco de algumas vantagens significativas -- como sucede com a simplificação e uniformização da avaliação neste ano lectivo, a participação na avaliação e eventual revisão da avaliação no fim do ano de 2008-2009, um novo escalão remuneratório, etc. -- a opção sindical pelo acordo foi a mais sensata.A chave de todos os compromisso é que ambas as partes ganhem em relação ao que seria sem ele. Mas, como sempre sucede, há sempre os radicais que preferem tudo perder a qualquer compromisso com o "inimigo".



De facto, é reconfortante saber - ainda mais, pela pena de Vital Moreira - que o Governo não cede a manifestações de rua, a professores arruaceiros e a sindicatos pouco responsáveis, que mais não são do que caixas de ressonância partidárias!... Surpreendente: a Ministra, que ganhava o país, mesmo perdendo os professores, sentou-se à mesa e cedeu aos interesses dessa classe corporativa, manipulada por essas instituições pouco recomendáveis, que dão pelo nome de sindicatos... Surpreeendente, deveras surpreendente... Em bom português: "pela boca, morre o peixe...", meus senhores, "pela boca, morre o peixe..."!...

quinta-feira, 10 de abril de 2008

Lembrar para não esquecer...

Num tempo de efémeros e mediatismos...
É bom ler no Tempo das Cerejas, a memória, ou melhor, o não esquecimento de Mumia Abu-Jamal...

Acrescento:

http://www.freemumia.com/

quarta-feira, 9 de abril de 2008

As declarações de Mário Machado

Noticia o Público que Mário Machado se intitula como preso político e que não é racista, mas tem orgulho em pertencer à raça branca.

Primeiro, não sei se o caso judicial dos skinheads tem ou não contornos políticos, agora decididamente Mário Machado não é um preso político!

Segundo, dizer-se que não se é racista, mas racialista, e simultaneamente proferir o orgulho branco, é inevitavelmente não perceber nada: então a personagem não percebe que o problema é mesmo esse, é proclamar o orgulho branco, como se fosse um amor clubístico, ou gostar mais de frango com batatas fritas ou ser bom cozinheiro!

É, como diz o Prof. Miguel Vale de Almeida: Nazi e (mas?) espertalhaço.

O (défice de) rigor jornalístico no Público...




Depois de lermos o comunicado da Comissão Nacional de Telecomunicações da Venezuela, compreeendemos que, ao contrário do que afirma o título e corpo da notícia do Jornal Público, não só o programa não foi proibido, tout cour (foi levantado um procedimento administrativo), como a razão da abertura de tal procedimento se deve, sobretudo, à hora a que o programa é transmitido (11:00 horas da manhã).



A figura de Chavéz e a situação geo-política no eixo sul-americano, merece, bem mais reflexão e reveste-se de uma complexidade bem maior, do que as análises superficiais, levadas sobretudo pelas paixões e pelos papões políticos, imbuídas de preconceitos, formatados a um sui generis ocidentalismo Atlântico, que vira a cabeça para o Norte, e tem medo de um acordo ortográfico com o Sul.

Lusoponte vai ser indemnizada






Claro está, e não é de admirar: tal desiderato alcançar-se-á, por via do extraordinário poder negocial do Sr. Eng.º Ferreira do Amaral, Ministro, no contrato celebrado com o Sr. Eng.º Ferreira do Amaral, Presidente da Lusoponte... Pergunta o cidadão desatento:


- Isso não foi num governo do Prof. Cavaco Silva?
- Quem?...
- Do Presidente da República?
- Ah, pois, acho que sim!...

terça-feira, 8 de abril de 2008

Nazismos e outros ismos...



Todavia, por um lado, a estupidez e a ignorância é livre. Por outro lado, numa sala de tribunal não se julgam factos de consciência, mas sim factos de natureza criminal. As ideias, por mais imbecis, não são proibidas e não há machado que as corte. O que é proibido, e bem, até com dignidade constitucional, é a existência de associações, maxime partidos políticos, que perfilhem ou defendam ideologias fascistas ou racistas e/ou de natureza militar ou para-militar. No mais, e numa democracia, o TRIBUNAL julga e condena, se for caso disso.

Mas, como ressalta dos comentários dos leitores do Público, confundir origens e teorias, misturando conceitos histórico-filosóficos (Nazismo e Comunismo) perfeitamente distintos numa amálgama de cores e cheiros imperceptíveis, revela, ou profundo desconhecimento da realidade do mundo, ou, pior, revela simplesmente uma perigosa mecânica neo-liberal, porque encapotada, sedenta de normalizar pensamentos e ideias... maior crime do que o que se acusa o criminoso...

quinta-feira, 3 de abril de 2008

Lê-se e não se acredita !!!

Noticia o Público: PSD vai apresentar iniciativa legislativa contra custas judiciais na adopção

Lê-se, mas não se acredita... Isto é o grau zero da política... pelo menos, sem a assunção de um meia culpa, meia culpa, meia culpa!!!!! O Governo é o que sabemos... e o maior partido da oposição... nem queremos saber!...

As novas custas processuais.

O novo Regulamento de Custas Processuais, com início de vigência a 1 de Setembro, levanta muitas e grandes perplexidades, e não só a propósito dos processos de adopção. Ele, essencialmente, prossegur toda uma linha, que vem já do consulado da Dra. Celeste Cardona - nunca mais se lhe ouviu uma palavra sobre a justiça ou qualquer outra área - de progressivo inflacionamento do recurso ao Tribunal, em qualquer das suas formas, uma espécie, tão em voga, de princípio de utilizador-pagador... A JUSTIÇA é, em última instância e quando todos falham, o derradeiro garante da paz social e da DEMOCRACIA...

As entidades reguladoras e os operadores económicos...

A iniciativa do Governo de legislar em termos gerais e abstractos, ao invés dos habituais termos individuais e concretos, só pode receber a nossa concordância. De facto, qualquer comportamento de redução da efeverescência quotidiana de leis por tudo e por nada, só pode ser bem-vinda.
Mas, este episódio relacionado com as tarifas das telecomunicações, maxime, as móveis, deve levar-nos a uma reflexão - e profunda - sobre o papel e as atribuições das entidades reguladoras, com total autonomia administrativa e financeira (o proclamado fenómeno da fuga para o direito privado). Que interesses e privilégios defendem estas entidades? Como diz, e bem, o Dr. Mário Frota, elas não têm de estar ao lado do consumidor, mas decerto, não devem estar ao lado dos operadores económicos. Devem regular a prestação dos serviços públicos, devem ser a mão reguladora do mercado, devem fundamentalmente servir o interesse da res publica... Mas é isso que têm feito???

quarta-feira, 2 de abril de 2008

Clive Stafford Smith, advogado britânico de vários prisioneiros em Guantánamo e director da ONG REPRIEVE, vem a Portugal, a convite da Ordem dos Advogados, para falar numa conferência de imprensa a realizar A conferência de imprensa realizar-se-á no Salão Nobre da Ordem dos Advogados, no próximo dia 3 de Abril, pelas 12horas.

Jorge Coelho vai para a Mota-Engil....

E tudo vai bem na República...

Jaime Silva diz que será pedida uma autorização legislativa
Governo quer criminalizar donos de cães perigosos

02.04.2008 - 12h35 PÚBLICO

O Governo vai apresentar um pedido de autorização legislativa para que os proprietários de cães perigosos possam ser criminalizados pelos ataques desses animais, anunciou hoje no Parlamento o ministro da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas, Jaime Silva.“Vamos pedir a criminalização” de forma não “abstracta e genérica” mas sim “criteriosa”, informou Jaime Silva. O titular da pasta da Agricultura acrescentou que os “ilícitos de quem possui cães de ataques e que, por incitamento ou negligência, tem como consequências injúrias físicas e a morte dos cidadãos deste país” serão penalizados.O Governo quer “legislar em colaboração com a Assembleia e com o seu comité especialista em termos jurídicos”, pela que será feito um “pedido de autorização legislativa”.


Como, pouco haverá para fazer na agricultura, vem, então, o Ministro falar-nos de cães... até aí: menos mal! Agora, vir falar em criminalizar as condutas dos donos dos cães??? Como o farão?... Crime de perigo? Responsabilidade penal objectiva? Saberá o Ministro do que fala? Pela amostra que temos tido, parece que não... É o Governo que temos: só reactivo e com uma febre incontrolável e intratável de criminalização a torto e a direito....