quinta-feira, 29 de maio de 2008

"Felizmente Há Luar!"




Com o devido respeito, mais importante do que encontrar Manuel Alegre em diálogo com o BE, é encontrar variadíssimas personalidades da esquerda (ex. a escritora Ana Luísa Amaral, o professor universitário António Nóvoa, Elísio Estanque e José Manuel Pureza, o ex-dirigente do PCP Carlos Brito, o arqueólogo Cláudio Torres, a responsável da Cuidar o Futuro Fátima Grácio, o líder do BE, Francisco Louçã, o fundador do PS José Neves, o editor Nélson Matos, o músico Francisco Fanhais e o sindicalista Ulisses Garrido), revelando e manifestando, que há mais esquerda para além do défice, que essa esquerda tem propostas, que essas propostas são válidas, são responsáveis, são exequíveis. É preciso acreditar! É preciso mudar! Esta política, este modelo de desenvolvimento económico, social e laboral não é uma inevitabilidade. E, com a devida vénia a Luís de Sttau Monteiro: "Felizmente Há Luar!"

terça-feira, 27 de maio de 2008

Pois é... mas...

Belo artigo o de Mário Soares no DN. Permito-me transcrever um excerto:

"Em Portugal, permito-me sugerir ao PS - e aos seus responsáveis - que têm de fazer uma reflexão profunda sobre as questões que hoje nos afligem mais: a pobreza; as desigualdades sociais; o descontentamento das classes médias; e as questões prioritárias, com elas relacionadas, como: a saúde, a educação, o desemprego, a previdência social, o trabalho. Essas são questões verdadeiramente prioritárias, sobre as quais importa actuar com políticas eficazes, urgentes e bem compreensíveis para as populações. Ainda durante este ano crítico de 2008 e no seguinte, se não quiserem pôr em causa tudo o que fizeram, e bem, indiscutivelmente, para reduzir o deficit das contas públicas e tentar modernizar a sociedade. Urge, igualmente, fortalecer o Estado, para os tempos que aí vêm, e não entregar a riqueza aos privados. Não serão, seguramente, eles que irão lutar, seriamente, contra a pobreza e reduzir drasticamente as desigualdades.

Já uma vez, nestes últimos anos, escrevi e agora repito: "Quem vos avisa vosso amigo é." Há que avançar rapidamente - e com acerto - na resolução destas questões essenciais, que tanto afectam a maioria dos portugueses. Se o não fizerem, o PCP e o Bloco de Esquerda - e os seus lideres - continuarão a subir nas sondagens. Inevitavelmente. É o voto de protesto, que tanta falta fará ao PS em tempo de eleições. E mais sintomático ainda: no debate televisivo da SIC que fizeram os quatro candidatos a Presidentes do PPD/PSD, pelo menos dois deles só falaram nas desigualdades sociais e na pobreza, que importa combater eficazmente. Poderá isso relevar - dirão alguns - da pura demagogia. Mas é significativo. Do que sentem os portugueses. Não lhes parece?..."


Mas, Sr. Dr. Mário Soares, só duas pequenas questões:

1.ª -
E se a sugestão de reflexão que propõe, cair, como parece provável - pela amostra junta - em saco roto?

2.ª -
Face à ascensão nas sondagens (e não só...) dos partidos PCP e BE, onde deverá o PS construir a ponte: à sua esquerda? Ou reeditando (estará recordado, por certo...) o célebre bloco central?


Dir-me-à o Sr. Dr. (sempre Presidente), com a elegância, inteligência e eloquência que lhe são merecidamente reconhecidas, um: "Olhe que não!... Olhe que não!..." ?...

quarta-feira, 21 de maio de 2008

"O Triunfo dos Porcos"


Mesmo sob o desígnio do Triunfo dos Porcos,

Lá vamos ter... e apesar de tudo, ainda bem... a nossa FEIRA DO LIVRO.

Abre as suas portas, segundo o Público on-line, sábado às 15h00, encerrando no dia 15 de Junho...

Oh Happy Day ! ! !




Esta é, obviamente, uma excelente notícia para os EUA, mas sobretudo para o mundo.


Algo de novo está a despertar as consciências...

Algo de novo se aproxima no horizonte...

A maré alta está a passar por aí...


E, 40 anos depois de um Maio, um outro Maio vem confirmar, esperemos que definitivamente, a esperança e a audácia... Oxalá, a festa não se estrague em Novembro... Curiosamente, em Novembro...

sexta-feira, 16 de maio de 2008

Livros e Sabonetes

"Se a Leya não for à Feira do Livro de Lisboa vai ter muitos problemas comigo."

"Tornou-se um marco importante na vida das pessoas."

"É a única altura em que vejo a cara das pessoas que me lêem."



António Lobo Antunes in Público









"Recuso-me a ser encarado como uma marca e que os meus livros sejam vistos como sabonetes."


Mário de Carvalho in Público





Mas, para Pais do Amaral não haverá, por certo, grande diferença entre vender livros e vender sabonetes... Que interessa a cara das pessoas?! O mercado não tem cores, cheiros ou afectos! Contudo, não esqueça Pais do Amaral um aspecto: nos livros há essa coisa chata de terem que ser escritos, ainda por cima, às vezes, por tipos esquisitos que gostam de pensar...

quinta-feira, 15 de maio de 2008

Entendam-se!...


A CML que resolva a trapalhada em que se meteu, porque os lisboetas têm direito à sua FEIRA.

Demasiado bonito, para ficar sem livros...

Liberais, sim... mas pouco !!!

Diz Pedro Passos Coelho, na notícia do Público:

“Ninguém deve ser discriminado ou limitado nos seus direitos em função da sua opção sexual. Não é importante a designação que damos ao instituto desde que possamos garantir esses direitos.”.

Este tipo de discurso e de ideias, pretensamente vanguardista (vamos ser liberais!...), mas na realidade profundamente conservador é deveras perigoso. Parecemos vislumbrar a avózinha, quando na realidade o que lá está é o lobo mau...

É que parecendo que se está a abrir a porta à consagração de direitos fundamentais, pela eliminação de discriminações fundadas na orientação sexual, o que se está realmente, e sob reserva mental, a tentar impingir é a existência de dois contratos civis (de afectos): um para os ditos normais, os heterossexuais (a sacrossanta instituição casamento); e outro para os outros, os homossexuais.

Ora, um normativo legal deste género, redundaria numa mesma discriminação em virtude da orientação sexual, mas agora sob uma capa de pretensa compreensão e respeito pela diferença.

Por que carga d'água é que o contrato casamento previsto no Código Civil tem que ser entre pessoas de sexo diferente?

Já agora, e aproveitando o ensejo, os que agora vêm propor e os que concordam com esta ideia falsamente modernista, são porventura os mesmos que lançaram o anátema, a propósito das recentes alterações à lei do casamento e ao Código do Trabalho, de que em Portugal é mais fácil a alguém divorciar-se do que a um patrão despedir o trabalhador... No emprego manda a flexibilidade, na família manda o conservadorismo, mesmo se com estas tiradas primaveris...

sexta-feira, 9 de maio de 2008

Expliquem lá outra vez, como se eu fosse muito burro !!!

Era uma vez... uma Justiça Penal que pune o crime de corrupção (art. 374.º do Código Penal) com uma pena de prisão até 5 anos; e o crime de coacção (art. 347.º do Código Penal) com uma pena de prisão até 5 anos. Certo!... Certo.

Era uma vez... uma Justiça Desportiva que pune o crime de corrupção com a perda de seis pontos (+ € 150 000,00 euros de multa) para o clube infractor e suspensão de dois anos para o corruptor (+ € 10 000,00 euros de multa); e pune o crime de coacção com descida de divisão para o clube infractor (+ € 180 000,00 euros de multa) e suspensão de quatro anos para o coagente (+ € 25 000,00 euros de multa). Certo!... Certo.

Então, agora digam lá que isto não é uma bela história!... Era uma vez...

(ler edição online do Público)

Israel... 60 anos depois...


60 anos depois da fundação do Estado de Israel, vem-nos à memória uma frase batida:

PALESTINA

Basta-me permanecer em seu regaço

Basta-me morrer em meu país
aí ser enterrada
dissolver-me e aí reduzir-me a nada
ressuscitar erva em sua terra
ressuscitar flor
que uma criança crescida em meu país arrancará
basta-me estar no regaço de minha pátria
estar perto dela como um punhado de poesia
um raminho de grama
uma flor

Fadwa Tugan (Nablus, Palestina, 1917-2004)

AHHHHHH !!! Acordo tácito !!!

"Filipe Soares Franco, explicou que o clube lisboeta tem um "acordo tácito" com os futebolistas para pagar entre os dias 5 e 10 de cada mês, apesar de o contrato colectivo de trabalho celebrado entre a Liga e o sindicato fixar o dia 5 como data limite, o que motivou a denúncia de Joaquim Evangelista." (In Público).

Acordo tácito!... Pois claro!... E também há o Gato das Botas, o Peter Pan e o miúdo que vai com o avô e o palhaço ao circo...

quinta-feira, 8 de maio de 2008

O debate é necessário e urgente...



Transcrevo abaixo, como mais um contributo para a reflexão acerca da recente crise/carestia de cereais no mundo, o excelente artigo, pedagógico até, de Ignacio Ramonet no Le Monde Diplomatique:
"Motins da fome

06-Mai-2008
Ignacio Ramonet - Le Monde Diplomatique

Já são mais de 37 os países em que a insegurança alimentar provocou protestos. Os primeiros tiveram lugar no México o ano passado pelo aumento exagerado do preço do milho. Também em Myanmar (antiga Birmânia) a insurrecção dos monges, em setembro de 2007, começou por manifestações de descontentamento contra a carestia dos alimentos. Nas últimas semanas temos assistido a tumultos em diversas cidades do Egipto, Marrocos, Haiti, Filipinas, Indonésia, Paquistão, Bangladesh, Malásia e sobre toda a África Ocidental (Senegal, Costa do Marfim, Camarões e Burkina Faso).
São rebeliões dos mais pobres e limitadas ao âmbito urbano. O campesinato, por agora, não se amotinou, e as classes médias não se juntaram aos protestos. Mas o farão se os preços da comida continuam a aumentar. E estes vão subir pois o parodoxal desta situação é que nunca a produção agrícola foi tão abundante. Ou seja, a carestia actual não se deve à penúria mas a outros factores. Haverá pois novos motins pela fome e durante um largo período. Os quais se traduzirão em novas ondas de emigração. Pois a comida representa já 75% dos rendimentos das famílias dos países pobres, contra 15% dos países ricos.
Para prevenir os próximos protestos alguns governos multiplicaram as medidas: o Casaquistão suspendeu todas as suas exportações de trigo, a Indonésia decidiu limitar as de arroz, as Filipinas declararam guerra aos especuladores e a Argentina, Vietname e Rússia restringiram as suas vendas de trigo, arroz e soja ao exterior.
As os preços continuam altos. Desde março de 2007 o valor dos produtos lácteos subiu uns 80%, o da soja uns 87% e do trigo uns 130%. O Banco Mundial, que não está isento de responsabilidade, afirma que estes aumentos empurraram para o abismo da miséria mais de 100 milhões de habitantes dos países pobres. E o Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola estima que por cada aumentos de 1% do custo dos alimentos de base, 16 milhões de pessoas se vêm submersas na insegurança alimentar. O que significa que 1.200 milhões de seres humanos poderão padecer de fome crónica de hoje a 2025.
Porque aumentam os preços da comida? Essencialmente por 4 razões. Primeiro porque a elevação do nível de vida de países como a China, Índia e Brasil modificaram os hábitos alimentares. Consome-se mais carne, logo há que criar mais gado. O qual consome uma parte importante das colheitas de cereais. As novas classes médias comem mais vezes por semana carne de galinha e vaca, e estes animais alimentam-se à base de soja e milho. Como a população mundial vai continuar a crescer e o poder aquisitivo de muitas pessoas vai continuar a crescer, irá produzir-se uma alteração estrutural. O ecologista Lester Brown anuncia "quandos os chineses comerem tanta carne como os norte-americanos, absorverão 50% dos cereais do mundo" (1).
Segundo porque uma parte da produção alimentar (cana de açúcar, girassol, colza, trigo) destina-se agora à produção de agrocombustíveis. As terras e os cultivos que se dedicam a essa actividade já não dão alimentos aos seres humanos. E isto também se vai agravar. A União Europeia decidiu que 10% do total de combustíveis consumidos até 2020 deve ser agrocombustíveis. E o presidente dos EUA, George W. Bush, pede que sejam 15% até 2017. A tal ponto que países com déficit alimentar como o Senegal ou Indonésia resolveram produzir agrocombustíveis em vez de alimentos. Responsável por parte desta situação, o Fundo Monetário Internacional, afirma que entre a 20 a 50% da colheitas mundiais de milho e colza já estão a ser desviadas para elaborar agrocombustíveis.
Terceiro porque o estalo dos preços do petróleo - acima dos 115 dólares o barril - encarece o custo dos transportes, em particular da circulação dos produtos agrícolas e, assim, do valor dos alimentos.
Quarto por efeito da especulação financeira. Fugindo da crise dos subprime, os fundos de investimento apostam agora nos produtos alimentares: soja, trigo, arroz, milho. São valores refúgio. Os fundos compram e armazenam apostando pela alta dos preços. Como sempre, os novos especuladores não dúvidam que vão enriquecer com a fome que eles mesmos ajudam a criar. Estima-se que a especulação está a causar 10% da subida dos alimentos.
Os países ricos comprometem-se há tempo a consagrar 0,7% do seu PIB ao apoio aos países pobres. Muito poucos cumpriram essa promessa. No seu conjunto, a ajuda no ano passado diminuiu uns 8,4%. E a assistência à agricultura dos Estados do Sul baixou, nos últimos 20 anos, uns 50%! Como estranhar a proliferação dos motins? Porque se espera para criar, finalmente, um grande Fundo Mundial contra a Fome? "

Notas:(1) Capital , Paris, março 2006."


Também estimulantes as reflexões de José Manuel Pureza publicadas pelo Público, na sua edição online. Deixo aqui um aperitivo:

“Uma leitura estritamente técnica esconde as razões de natureza política profunda. O que está a acontecer é o impacto no sector agrícola e alimentar daquilo que é a realidade ‘normal’ do capitalismo financeiro”

“Esta é a factura que os países mais pobres estão a pagar pelas políticas que o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial lhes impuseram, que passou por desmantelar a pequena e média agricultura de subsistência”


Na realidade, o presente debate é relevante de uma perspectiva puramente económica e social, mas é sobretudo relevante, e isso é bem notado por José Manuel Pureza, de uma perspectiva política. De facto, as alterações estruturais a que a presente carestia de cereiais pode levar, e não só nos países sub-desenvolvidos, é de tal monta, que podem ser expectáveis mudanças de paradigma, dificilmente pacíficas, quer ao nível das políticas de desenvolvimento económico, quer ao nível dos equilíbrios regionais e demográficos, quer ainda ao nível de um futuro espaço de partilha e comércio entre as nações do mundo. A história muito recente do espaço Ibero-Americano é, a este respeito, deveras elucidativa.

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Vamos discutir o essencial ! . . .

O Bom e o Mau Juiz (Fresco do Tribunal de Monsaraz)

Mais do que discutir se a reacção dos Srs. Juízes é ou não corporativa (e há bons motivos para pensar que não: os juízes são representantes de um órgão de soberania, respondem somente perante a lei e em nome do povo, e isto faz toda a diferença em relação a um funcionário de carreira) é sobretudo importante questionar este Governo e esta maioria parlamentar, em relação ao estado actual da nossa justiça:

- Temos uma PJ, o principal corpo de investigação criminal do país, com carência de efectivos;
- Temos taxas de corrupção, das mais altas da Europa;
- Temos Tribunais do Trabalho onde um sinistrado (acidente de trabalho) não pode entrar;
- Temos Tribunais onde quem não anda à chuva se molha, onde não há casa-de-banho, cujas paredes sofrem risco de ruína;
- Temos Tribunais atafulhados em processos, com níveis de pendência assustadores;
- Temos, enfim, Tribunais que não podem condignamente ostentar esse nome.

Assim,
E depois de este Governo - já lá vão três anos - ter diabolizado juízes, funcionários e advogados: os dois primeiros porque não trabalham e só querem férias; os terceiros porque só servem para pôr recursos, a justiça continua na mesma...
Temos uma justiça que funciona mal e que funciona tarde. Temos juízes e funcionários desmotivados e assoberbados em trabalho. Temos advogados desencantados. Temos cidadãos descrentes na sua justiça. Os discursos e ideias contra os servidores da justiça não levou, como é óbvio, a bom porto, nem resolveu problema nenhum... o mal não é esse!!!
Não nos esqueçamos pois do aviso de Aristóteles de que a justiça é a base da sociedade. Os pilares do contrato social assentam fundamente na ideia de justiça. É ela a guardiã da paz e harmonia sociais. É ela em última instância que protege a democracia... e que protege ABRIL!!!
Saberá Sócrates do que falava Aristóteles ?!...

segunda-feira, 5 de maio de 2008

Imagens e cores do fim-de-semana que passou...

Mértola I

Mértola II


Mértola III