sexta-feira, 11 de julho de 2008

Que país queremos???

Leio a notícia do Público e ouço o noticiário das 12 horas, na TSF, escutando as recentes declarações do Secretário de Estado da Educação, o Dr. Valter Lemos. Diz ele, a propósito das notas dos exames do 9.º ano, na disciplina de Matemática, que não, que não podemos estar satisfeitos com uma percentagem de negativas na ordem dos 40%, que há ainda muito trabalho a fazer, embora, claro está, se trate de uma redução significativa no número de negativas e de chumbos na disciplina.

Diz a Sociedade Portuguesa de Matemática - e, a meu ver, muitíssimo bem - que, efectivamente, o Sr. Secretário de Estado tem toda a razão, tanto mais, quando o exame tinha o nível de dificuldade que todos sabemos.

Ora, aqui é que reside o fulcro da questão. Não pode o Dr. Valter Lemos vir com tiradas demagógicas e politiqueiras (contrastantes, aliás, mesmo se noutro sentido, com as da Sra. Ministra, que mostrou regozijo e satisfação com o trabalho produzido pelo seu Ministério e agora, dava jeito, pelos professores) acerca de um assunto, de tão grande relevância para o nosso futuro comum. O que me incomoda é que, sendo visível e notório para todos, que a prova era demasiado acessível e pouco exigente para alunos que vão entrar para o 10.º ano de escolaridade, se faça politiquice (mais ainda, quando a abordagem é a que conhecemos e a que tão ilustre figura nos habituou), se construam discursos retóricos e se procure escamotear a verdadeira preparação e conhecimentos destes alunos.

Pouco me importam, os dividendos políticos que o Sr. Secretário de Estado e o Ministério da Educação, pensam poder retirar destes resultados. O que, sinceramente e honestamente, me importa é que este país cresça em termos educativos e culturais, não necessariamente aferido por graus de escolaridade, e menos ainda, quando se adopta uma estratégia de facilitismo e porreirismo na avaliação dos conhecimentos e no aproveitamento escolar.

É que, Cara Ministra e Caros Secretários de Estado, há jovens neste país, que, mais do que quererem uma Escola que lhes dê emprego, querem uma Escola que lhes mostre o conhecimento, querem uma maiêutica Socrática (o da Grécia, o filósofo...) que lhes abra a porta dos livros, que os faça ser mais gente, que os faça ser cidadãos interventores... Há jovens que não querem apontamentos Europa-América (perdoe-se a publicidade), nem contas de Merceeiro (com o devido respeito pela matemática dos merceeiros)... Há jovens que não querem ter vinte em Literatura Portuguesa, não sabendo quantos Cantos têm os Lusíadas!

Cara Ministra, Caros Secretários de Estado, nem todos os jovens deste país se podem inscrever nas jotas, até porque há muitos que não querem...

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